03.10.2018

VÓS SOIS A MINHA CARTA – 06

Schw. Gretelmaria Wolff

José Engling

 

Tudo para todos e

total propriedade da Mãe de Deus

 

 

Dados biográficos

Nasceu em 5 de janeiro de 1898, em Prossitten, hoje pertence à Polônia; tombou na guerra no dia 4 de outubro de 1918, próximo de Cambrai, na França.

José era estudante em Schoenstatt, membro e dirigente da Congregação Mariana; foi soldado na primeira guerra mundial, na Rússia e na França. O processo de sua beatificação foi iniciado em 1952. Em 17 junho de 2008, se deu a conclusão do processo diocesano em Treves e, em 24 de setembro de 2008, os documentos foram entregues em Roma.

Perfil espiritual

José Engling chegou, do oeste prussiano, em Schoenstatt, no ano de 1912, como aluno no seminário para as missões. Na I Guerra Mundial, como soldado, foi enviado para Rússia e, pouco antes do fim da guerra, tombou na fronteira da França, perto de Cambrai. A homenagem da cruz de ferro, que recebeu por seu excelente desempenho junto aos camaradas, enviou para a Mãe de Deus no Santuário, em Schoenstatt.

“Santo da reconciliação” é o título que lhe foi dado; e foi apresentado na conclusão do seu processo diocesano de beatificação, em Tréves, como o “santo da vocação”.

Já tendo passado mais de noventa anos, muitos jovens ainda hoje são entusiastas em percorrer os vestígios deste jovem de vinte anos, deste soldado da infantaria, que se doou com radicalismo, de modo original e generoso empenho para o reino de Deus e pela missão da MTA, a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt.  

José se tornou um modêlo, o “grande irmão“. Ele escreveu as primeiras páginas da escola de santificação de Schoenstatt. Ele descobriu o seu ideal pessoal “Tudo para todos e total propriedade da Mãe de Deus”. Esforçou-se para realizar o seu propósito particular e o seu horário espiritual, o seu ideal, nas circunstâncias do dia a dia da guerra. Fez a oferta da sua vida à Mãe de Deus, sua “querida Mãezinha”, enquanto as granadas explodiam ao seu redor: “Eis-me aqui! Dispõe, como lhe agradar, de mim e do que me pertence. Se, porém, for compatível com teus planos, torna-me uma vítima pelas tarefas que tu confiaste à nossa Congregação” (1918).

Mais tarde, esta oferta de sua vida à Mãe de Deus atraiu muitos a trilharem o seu caminho de santidade. José mesmo não teve modelo – apenas o seu Diretor Espiritual: “Quero tornar-me santo por meio do meu guia espiritual!” Este foi o segredo da sua santidade.

Deus conduziu este jovem, da distante Ermland, à Renânia, em Schoenstatt, justamente nos anos em que o Fundador se propunha a anunciar aos jovens a Aliança de Amor com a Mãe de Deus. No início da história de Schoenstatt, Maria colocou ao lado do Fundador, um jovem que teve a capacidade de aceitar de modo autônomo esta ideia da Aliança de Amor e, conscientemente, se esforçar para aplicá-la na vida. 

Vinculação ao Pe. J. Kentenich

José chegou com quatorze anos no seminário dos Palotinos em Schoenstatt. Os objetivos da Congregação Mariana, que foi fundada em abril, encontraram um solo preparado em sua alma. Cada semente, que semanalmente era espalhada pelas conferências do Pe. José Kentenich, produziu ricos frutos na alma de José Engling – silenciosamente, mas com a máxima atenção e sob o olhar atento do Diretor Espiritual, que testemunha: “Não é exagero se digo: Não se perdeu nenhum dos profundos estímulos dados por mim a ele. A cabeça e o coração conservavam tudo com fidelidade” (J. K. 1957).

Com certa admiração, Pe Kentenich viu como a vida espiritual se desdobrava autonomamente em José, que para ele, realmente, a “grande guerra se tornou uma ajuda poderosa para a auto santificação” (cf. Documento de Fundação) . Engling se tornou um pioneiro do sistema pedagógico de Schoenstatt. “Um aspecto específico da sua original espiritualidade: a vinculação aos mais altos ideais, por meio das pequenas coisas da vida diária. Nisto ele comprovou uma admirável maestria, que o preservou de se tornar um sonhador e fanático, mas que o ajudou a não tornar rotina a vida de cada dia e com isto se alquebrar.” (J. K. 1957).

Assim, José Engling amadureceu, na desafiante posição que ocupava no fronte da guerra, e levou uma vida interior na contínua presença e proximidade de Deus. “Deus, o Pai amoroso está comigo”. Ele estava preparado e se despediu de seus camaradas: “Estou preparado e tudo está em ordem!”  

A consagração de Engling, no encerramento do mês de maio de 1918, contém a mais profunda expressão da Aliança de Amor com a Mãe de Schoenstatt, com a oferta da vida “para as tarefas que tu, confiaste à nossa Congregação”, e passou para a história com o nome de: “Consagração de José Engling”. É impressionante como schoenstattianos de todos os tempos, da Alemanha e do exterior, se orientam literalmente em José, se deixam ajudar pelo seu exemplo, sua dedicação e aspiração, cada um conforme a originalidade de sua vocação e santificação, contudo, sem querer copiá-lo: “Quero me tornar um segundo José Engling” é a frase diretriz de numerosos “santos de Schoenstatt”.

Em estreita vinculação com a Mãe de Deus, no Santuário, e ao Diretor Espiritual, se desdobrou, em José Engling, uma original espiritualidade schoenstattiana, como santidade da Aliança, do instrumento e da vida diária, assim como se definiu somente alguns anos depois. “É e permanece o grande projeto que Deus tem para nós, desde o início de nossa história da Família: O ideal do homem de uma única e grande ideia e de um único grande amor“ (J. K. 1957).  

Quando Pe. José Kentenich recebeu a notícia da sua morte, ele sabia que a jovem Fundação passou pela primeira prova de fogo: Ainda nem fazia quatro anos, desde o 18 de outubro de 1914, mas a Fundação, já no seu início, possui um santo. José previveu em sua breve vida aquilo que, por decênios, se desdobraria lentamente em Schoenstatt. “Assim, José Engling foi o único que, em sua pessoa, antecipou o pleno desenvolvimento. Mais tarde, surgiu a expressão: ‘a história da vida de José Engling é a antecipação da história da Família’.” (J. K. 1965). A partir desta convicção, Pe. José Kentenich publicou, na revista MTA, uma primeira biografia de José Engling.

Em um Estudo de 1957, Pe. José Kentenich fez uma consideração sobre o significado de sua pessoa para José Engling: Foi decisivo para ele a “sua vinculação pessoal à cabeça da Família, isto é, ao diretor de sua alma, ao seu guia espiritual, o Fundador da Obra. A fecundidade desta vinculação pessoal na vida de José Engling se explica com a palavra‚ transferência de vida…”

Para os cinquenta anos da morte de José Engling, em 4 de outubro de 1968, Pe. José Kentenich, antes de falecer, tinha preparado uma mensagem, escrita a próprio punho, uma saudação para a Família de Schoenstatt. Nestas palavras, ele confirma a sua convicção: “Na história do jovem herói, ela (a Família de Schoenstatt) experimenta o Documento de Fundação pré-vivido e a exemplar experiência – completa e antecipada – da vinculação aos três pontos de contato… Por meio disto, assim parece, Deus manifesta claramente a sua intenção. Se não estou enganado, ele está previsto para a honra dos altares.”

Quelle: Margareta Wolff, Ihre Herzen haben Feuer gefangen, Schönstatt 2008, ISBN 978-3-00-026075-9  

VÓS SOIS A MINHA CARTA – Impulso pelo Año del Padre Kentenich