29.03.2021

Ir. M. Erintrud Thomé celebra o seu 100º aniversário

Ir. M. Erintrud Thomé e Ir. M. Andrea Lisdat
Borken, Deutschland

Com uma notável jovialidade espiritual, a

Ir. M. Erintrud Thomé

pôde celebrar o seu centésimo aniversário. Ela nasceu em 7 de março de 1921, em Düsseldorf-Benrath, Alemanha. Depois de terminar a formação escolar, trabalhou num escritório.

“Fui guiada por Deus”.  

O seu primeiro contato com a Família de Schoenstatt foi em 1942.  “Na verdade, eu queria ir a Kevelaer, mas a minha mãe disse-me que era melhor peregrinar a Vallendar, porque a minha irmã já estava a trabalhar aí”, conta a Irmã jubilar. Esta curta visita não planeada acabou por converter-se numa relação de amor e vida planeada.

Ir. M. Erintrud diz que nunca se arrependeu da sua decisão. Entrou para o Movimento de Schoenstatt em 1944. Como acontecimento especial, ela pôde vivenciar o regresso do fundador de Schoenstatt, Pe. Kentenich, do Campo de Concentração , em 20 de maio de 1945.

“Nunca esqueci esse momento,

sempre o recordo com alegria”, disse Ir. M. Erintrud. Finalmente, em 1953, ingressou na comunidade das Irmãs de Maria.

Desde logo, começou a formação de professora, em Estugarda, mais tarde, foi assessora da juventude e, em 1948, atuou como educadora. Depois trabalhou em várias instituições, por exemplo, em Westheim-Sauerland, num jardim de infância modelo. Ela lembra esse tempo: “Naquela época, as crianças chegavam com três anos. Eu sempre achei importante que, nos primeiros anos, as crianças crescessem junto aos pais”.

Outros lugares de seu trabalho foram: Duisburg, Tübingen, Krauchenwies, perto de Sigmaringen na Schwaben, Bliesheim e o Centro de Schoenstatt em Essen-Kray. A Ir. M. Erintrud trabalhou como educadora até aos 70 anos. Mas, mesmo “na reforma”, em Borken, não cruzou os braços.

Agora, com 100 anos, não mora na casa das idosas e colabora onde pode ajudar. Ela interessa-se por tudo o que acontece à sua volta, quer seja na casa ou no mundo. Ajuda-a ter aprendido a escrever datilografia, no tempo da juventude. Hoje, ela utiliza o computador para escrever as suas lembranças.  (Fonte: Gehling, Borkener Zeitung)

Hoje, podemos olhar as suas memórias:

Poder vivenciar a inabalável condução de Deus no dia-a-dia e poder agradecer é um grande presente para mim, meu coração é demasiado pequeno para isso.

O tempo da minha infância e adolescência estiveram marcados pela orientação para o Deus Trino, por meio de meus pais, especialmente pelo meu pai. Gosto de lembrar a minha Primeira Comunhão. Foi em voz alta e com uma certeza interior que fiz as promessas batismais. Foi uma profunda experiência interior de Deus, Pai Celestial. O meu pai, a minha mãe e os meus irmãos eram tudo para mim.

Sim, antigamente, a idade adulta era aos 21 anos. Nessa idade,  conheci Schoenstatt e a caminho, para o Santuário Original, ouvi da minha irmã as palavras:

“Vestígio do Pai: Tira os sapatos, porque o lugar onde estás é terra santa.”

No dia 2 de outubro de 1944, foi meu ingresso nas Irmãs de Maria. O postulantado foi na Casa Wildburg, em Vallendar, onde conheci as Irmãs e pude experimentar que o lugar é realmente “terra santa”.

Minha admiração e minha emoção interior aumentaram, quando pudemos visitar as casas de Schoenstatt, durante o pré-noviciado. Aí percebi como as Irmãs se alegravam com o regresso do Fundador da Obra de Schoenstatt, do Campo de Concentração de Dachau, e como elas também se prepararam interior e exteriormente.

Sim, e logo tive a minha inimaginável vivência familiar, com o regresso dele. A alegria do encontro foi enorme e nem dá para descrever. Somente podia maravilhar-me e alegrar-me com todas as pessoas.

Na primeira semana, após o seu regresso, o Fundador da grande Obra de Schoenstatt deu oito conferências a 17 jovens – o nosso curso – como preparação para a vestição. Ela aconteceu no dia 31 de maio de 1945, na Casa Wildburg, com a participação de muitas Irmãs que, devido às condições da guerra, não puderam ter a sua vestição desta maneira.

Tenho que agradecer sempre de novo, também por todas as transferências. Assim, conheci a nossa Família de Irmãs sob vários pontos de vista e aprendi a alegrar-me com eles. Também vivenciei a dor, no entanto, por detrás disso estava o Pai do Céu, que tudo planeou como o melhor para mim.

Não posso crer: No dia 7 de março, celebrei o meu 100º aniversário!

O ponto alto foi a Santa Missa festiva: “Oh, Senhor, eu quero cantar-te o meu canto de louvor! Deus, a ti me consagro! Meu Deus, que me deste a liberdade! … para que nasçam pessoas novas, livres e fortes na terra, que atuem como Cristo nas alegrias e nas dores…”

Seguiu-se o pequeno-almoço todas juntas. No refeitório, tinha uma placa de flores com o número 100. Maravilhoso: uma coroa decorada com muitas, muitas flores coloridas. Sim, eu só podia mesmo maravilhar-me!

Todas cantaram uma alegre canção de felicitação, com uma letra escrita especialmente para mim. As Irmãs do Conselho Provincial e a minha Superiora felicitaram-me, e os rostos de alegria de todas as outras já manifestavam os parabéns. Seguiu-se uma peça musical do nosso grupo de música.

Que harmoniosa era a música à mesa. Senti claramente como as minhas co-Irmãs se alegravam comigo, como todas puderam experimentar Deus como Poderoso e Bondoso.

Os meus familiares, de Düsseldorf e arredores, quer dizer, de longe, uma meia-hora de caminho, vieram só para me felicitar. Cantaram várias canções no pátio, em frente da cafeteria. Naturalmente, não ficou de fora o nome pelo qual me chamavam na minha juventude.

E eu só podia maravilhar-me, alegrar-me profundamente, quando às 14 horas

passei um bom tempo sozinha no Santuário.

Aí pude cantar e rezar em voz alta. Com as minhas Irmãs de Curso, que já estão todas no céu, celebrei aí o meu aniversário jubilar e ofereci de novo a coroa à Mãe de Deus!

O dia passou muito rápido, com a leitura das felicitações e saudações, com muitos encontros bonitos, recordações e conversas que foram um presente para todos.

Uma alegria especial para mim, foram as felicitações das nossas Irmãs de Curso, da Índia. Para elas, desprendi-me de um precioso “vestígio do Pai”: a coroa que foi trabalhada no curso, para a imagem da MTA no meu Santuário-lar, que o Padre Kentenich teve nas mãos e a abençoou.

Quando íamos para o café festivo, foi dito para permanecer de pé. A nossa Irmã cozinheira trouxe um grande bolo, decorado com muito carinho e personalizado. Inacreditável, mas verdade!

No final desse dia tão especial, ainda tive mais uma surpresa: o que era? Apesar da dificuldade para ouvir, dei-me conta: está alguém a cantar, verdade? Demora sempre um pouco até que eu escute bem o que se reza ou canta. Mas, então escutei! “Boa tarde, boa noite…” As minhas co-Irmãs cantavam uma canção de “boas-noites”. É a canção que acompanhou o nosso Pai e Fundador, na véspera da sua volta à casa do Pai eterno. Para mim, é também a palavra que fica no final deste dia:

Rumo ao Pai vai o nosso caminho

O meu coração rejubilou com as minhas Irmãs de Curso no céu e com todos os que celebraram tão alegremente comigo:

Magnificat – Santíssima Trindade, louvor a ti eternamente!