11.03.2021

14 coirmãs adoecem com o „Coronavirus“

Ir. M. Alessandra Kempf
Quarten, Schweiz

Entrevista com a
Irmã M. Alessandra Kempf

 

Perto do final do ano passado, nós, Irmãs de Maria de Quarten, recebemos a notícia de que uma coirmã da filial em Weesen está com sintomas do Coronavirus. Faz o teste e tem resultado negativo. Isto tranquiliza-nos e a Direção faz a sua visita de Natal a essa filial.

Em 6 de Janeiro, o Diretor do Lar de Weesen pede ajuda, com urgência: todas as 14 Irmãs estão positivas

Ir. M. Alessandra, o que  aconteceu depois?

A nossa Superiora Provincial perguntou-me se eu estaria disposta a ir para Weesen. Respondi logo que sim. Toca a andar! Isto nem se pergunta, quero ajudar. No caminho para lá consagrei-me à Mãe de Deus e pedi-Lhe que me ajudasse na minha maneira de ser e atuar. É verdade que em algumas coisas estava um pouco perplexa: como me apresento? Agora sou costureira e já há tantos anos que não pratico a enfermagem. Talvez muitas coisas se façam de outra maneira… Como reagirão as minhas coirmãs, quando me virem aparecer de repente? Apesar disso, estava em  alegre expectativa: o que irei encontrar? O que me estará reservado? O que é que poderei aprender neste tempo?

De tudo o que fizeste nessas 3 semanas, que gostavas de salientar?

A minha tarefa consistia em ajudar as irmãs na higiene, levar-lhes as refeições, distribuir os medicamentos…Como todas as Irmãs tinham de ficar nos seus quartos e se sentiam sós, era também importante falar com elas e ir ao encontro do que as preocupava, acalmar as Irmãs dementes e dar-lhes o meu tempo. Mais tarde veio outra irmã para ajudar; isso foi um presente para mim. Ela assumiu então os cuidados.  

Houve alguma exigência especial no teu empenho?

Com o tempo, quase todos os funcionários ficaram doentes, por isso tivemos de trabalhar com auxiliares e nós próprias não sabíamos como lidar com a situação. Isto foi um autêntico desafio! Além disso, para mim não foi fácil o facto de não ter nem uma ideia do quadro que poderia representar o decorrer da doença. Em pouco tempo, o quadro clínico pode mudar e tem de se reagir de modo correspondente. Como o Capelão não podia celebrar, sentimos muito a falta da Eucaristia. Mas foi uma graça podermos participar nas transmissões online. 

Durante esse tempo morreram a Ir. M. Agath Kobler e o Capelão. Que efeito tiveram estes acontecimentos em ti e nas irmãs doentes?

Por um lado, isso estimulou-me à amorosa confiança na Providência de Deus; o nosso Pai do Céu não permite nada que não esteja no Seu plano.

Por outro lado, perguntava-me: reagi de modo certo? Poderíamos talvez ter feito mais? Impressionou-me especialemente a Irmã M. Agath pela sua prontidão em dar um passo depois do outro. Quando, no Hospital, lhe foi feita a pergunta sobre se teria algum desejo, respondeu: „Que eu possa dizer sim!“ Quando as nossas coirmãs doentes souberam da sua partida, as reações foram diversas. É evidente que  a seriedade da situação se nos tenha tornado muito mais consciente! Apesar de tudo: pude admirar o modo como as Irmãs viram esta morte na Luz de Deus.

Que experiências positivas tiveste nesta empenho pouco vulgar?

Deus e a Mãe de Deus presentearam-me muito: os colaboradores aceitaram-me com naturalidade, gratidão, de modo muito positivo. As auxiliares eram quase todas jovens e fiquei impressionada por ver com que naturalidade e alegria „arregaçaram as mangas“.   Muito lindo foi também a alegria das minhas coirmãs doentes por nós, de Quarten, estarmos com elas. Uma surpresa positiva foi:  ainda gosto da minha antiga profissão, que me enche de alegria. 

Depois desta missão junto das nossas Irmãs em Weesen, fizeste o Teste do Corona, que constatou que também tinhas adoecido. Tiveste que ficar 10 dias em quarantena. Como foi esta experiência?

Também aqui houve duas faces da mesma moeda: por um lado, tive a oportunidade de elaborar interiormente o que vivenciei nestes dias em Weesen e oferecer tudo a Deus e à

Mãe. Neste curto espaço de tempo perder logo duas pessoas, não é fácil. Ter podido descansar também foi um presente. As semanas anteriores tinham sido intensivas e exigiram muito esforço.

A outra face da moeda: com o tempo, também comecei a sentir um pouco a solidão em em contraste com aqueles dias tão cheios.  Mas as minhas coirmãs foram muito simpáticas e telefonaram-me muitas vezes!!! Sim, e agora, depois que tudo passou, olho realmente grata para esta missão. Com toda a certeza não esquecerei tão depressa   estes dias junto das nossas coirmãs vítimas do Covid.