09.09.2018

O bom trabalho com os refugiados

Irmã M. Irena Kober

Desde fevereiro de 2015, abrigamos refugiados em nossa antiga casa do internato, na Liebfrauenhöhe. Entretanto, já são 12 famílias que se mudaram para suas próprias casas, em Rottenburg, Ergenzingen, Hannover-Munique, Hechingen e Thanheim, porque receberam o direito de permanência. Atualmente, habitam ainda 35 refugiados em nossa casa: da Nigéria: 3 adultos e 4 filhos, da Síria: 7 adultos e 4 crianças, do Iraque: 6  adultos e do Afeganistão são 8 adultos e 3 crianças. A criança mais nova tem 2 anos de idade e o morador mais velho tem 73 anos.

Multiplicidade de grupos religiosos

Temos xiitas e sunitas muçulmanos que convivem em harmonia, ao contrário daqueles que vivem em suas pátrias, onde os grupos mulçumanos estão sempre em conflitos. Há também alguns católicos e cristãos caldeus, que pertencem à Igreja católica. Uma nigeriana pertence a um grupo religioso que não existe na Alemanha. Todos se respeitam, mesmo que pertencem a diferentes grupos religiosos.

Um povo colorido

Somos uma população colorida, que procura conviver pacificamente. Todos os refugiados possuem vivências traumáticas pelas fugas e pelo terror que trouxeram de sua terra e sofrem muito com isto. Alguns nunca frequentaram uma escola e, agora, apesar da dificuldade que tem, devem aprender a ler e escrever. Quando, por exemplo, M. estava na 2ª série, a sua professora foi decapitada, porque no Afeganistão é proibido lecionar para meninas e mulheres. Profissionalmente, a maioria dos homens trabalhava em seu país como sapateiros ou alfaiates. Mas, sem uma formação para isso, por isso é difícil encontrar um emprego para eles. Um senhor que está tendo formação na área da saúde é o melhor aluno no estágio. Ele mostra, com orgulho, o seu as suas notas escolares.

Honestidade

Tenho orgulho dos nossos refugiados, pois eles são honestos. Nesses dias, uma família síria encontrou uma carteira com dinheiro, na estação ferroviária de Rottenburg e a trouxe para mim. Conseguimos encontrar o proprietário. Quando a mãe e o filho buscaram a carteira que haviam perdido, eles agradeceram a família que a devolveu e esta lhes disse: “É natural que fizemos isso, pois nós também nos alegraríamos se alguém nos devolvesse uma carteira que tivéssemos perdido”.

Uma família afeganistã fez o mesmo. Um casal descobriu 200 Euros no bolso de uma jaqueta que haviam recebido de presente de uma senhora. Era natural para eles que me trouxeram de volta esse dinheiro, para que eu os devolvesse ao proprietário. Assim alguns alemães aprendem a se admirar da honestidade dos refugiados.

Grande festa de aniversário

Ontem os afeganes festejaram o aniversário de uma jovem. Eles decoraram, carinhosamente, o grande salão, com estrelas, guirlandas e bexigas. No Afeganistão costuma-se fazer uma grande festa quando nasce uma criança. Muitos parentes, que vivem há muitos anos na Alemanha, foram convidados, bem como os refugiados que moram na casa. Com muito amor, eles cozinham, fazem bolachas e todos os alimentos são artisticamente decorados. Todos os visitantes se trajam festivamente, com roupas que em parte eles mesmos confeccionaram. Festejam com alegria, comem, riem, dançam e depois, deixam tudo exemplarmente em ordem. As muitas crianças brincam no pátio e cuidam das suas próprias diversões.

Eu me convenço sempre mais que, apesar de todo sofrimento que estas pessoas vivenciaram, elas estão vinculadas com amor a sua pátria e a sua cultura. Nós, alemães, somos sempre os mais presenteados, quando somos abertos para os refugiados.

Servir em todas as áreas

Muitos dos refugiados têm sérios problemas de saúde. Por isso, eles precisam de mim como intermediária para uma consulta médica. Algumas vezes, eu também tenho que lutar por seus direitos. A espera pelo direito a permanência, geralmente, dura muito tempo. As famílias são apinhadas em pequenos cômodos. Isto significa uma dura provação psicológica. Em tais situações, eu posso apenas ajudar um pouco escutando, com um cuidadoso aconselhamento e, especialmente, pela minha oração. Agora, um casal, depois de três anos de espera, recebeu o aviso de deportação. Todos os outros, do mesmo país, receberam o aviso de deportação. É muito duro ter que lidar com essas ordens de deportação.

Também a luta com a central de empregos ou com a prefeitura custa muitas forças. Sem a minha ajuda a maioria dos refugiados não teria chance para reivindicar os seus direitos. Eu estou muito feliz que, pelo meu trabalho, posso contribuir um pouco para fortalecer a paz em um mundo sem paz.